domingo, 9 de dezembro de 2012
Baía dos Tigres
A Baía dos Tigres era o nome de
uma povoação pesqueira no sul de Angola para onde emigraram muitos pescadores
Algarvios. Arriscavam a vida, em frágeis embarcações, em viagens de cerca de
quarenta dias dirigindo-se a um local agreste, na foz do rio Cunene. Areal
imenso, inicialmente sem água potável, e sempre sem terra que permitisse
cultivar ficavam sujeitos ao abastecimento do exterior. A única coisa que
chovia era areia que picava a pele como alfinetes. Inicialmente era uma
restinga. Transformou-se em ilha pela invasão do mar o que só permitia o acesso
de barco ou de avioneta. Tenho um amigo cujos pais lá viveram enquanto o seu
pai serviu nesse local o ministério do mar, se é que na altura se chamava
assim, nos meados do século passado. Ele frequentava o liceu Diogo Cão no
Lubango e ali ficaria no internato dessa instituição durante o período de
aulas. Findo este, regressaria para Moçâmedes de comboio e daí de avioneta para
a Baía dos Tigres. Aqui a rua principal, senão única, era também a pista de
aterragem no referido lugar. Na primeira vez que o meu amigo aterrou neste
local ninguém o esperava porque de telemóveis não havia noticias. Quando ele
saiu do aparelho um homem negro que servia em casa dos seus pais correu a
avisar : “Sinhora” “minino” vem aí. Mas como tu sabes que é o menino se tu nem conheces?. Conheço sim “sinhora”. Andar “iguarzinho” do
patrão.
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