domingo, 9 de dezembro de 2012

Arrumadores

Quando chego a um parque de estacionamento e vejo um indivíduo a esbracejar lembro-me logo das hospedeiras de bordo, nos aviões, a explicar quais os gestos que devemos fazer para em caso de acidente, morrermos mais depressa. Falando de aviões podia ainda lembrar um homem sozinho gesticulando com o monstro branco estacionado na placa do aeroporto. Não sei se os que acabo de referir são ainda necessários. Os dos parques de estacionamento de viaturas são. Tenho um amigo em Lisboa que tendo que estacionar todos os dias numa zona difícil telefona sempre ao arrumador antes de chegar para este lhe guardar o lugar. É um acordo avençado. Um amiga que há dias não queria dar a moeda liquidante do respectivo serviço, porque havia parquímetro, encontrou-se sem trocos para introduzir na referida máquina surpreendentemente activa. Então o arrumador a quem havia negado o pagamento logo lhe facilitou o troco. Desistir de pedir dinheiro a senhoras finas é também recomendável para não ouvir respostas grossas do tipo quem me dera ter a sua força de vontade para não comer há três dias. Surpreendido fiquei eu quando um arrumador me perguntou se queria que tirasse o carro dele para eu arrumar o meu dado que não havia mesmo lugar nenhum. Para que esta arte não se perca há jogos informatizados para os miúdos aprenderem a arrumar carros. Pelo que observo a remuneração é melhor do que as dos arrumadores de palavras. Da próxima vez que for confrontado com uma mão esticada mal acabe de arrumar respondo: só dou dinheiro se for para a droga. É que afinal o arrumador sou eu. Eles só se orientam.

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